quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Aula do dia 21-10-07 - Respeito ao próximo / Respeito às diferenças

Sol, céu e borboletas azuis.



Educadoras presentes: Bruna e Juliana.
Alunos: Clara, João, Karen, Letícia, Mariana, Mirella, Sandrinha.

“Entrando na floresta
Vamos curumins”

Caminhada até a Casa da reflexão.
Atividades em frente da Casa da reflexão:

Conversa inicial:

Os ensinamentos que estamos tendo no Caminho Curumim devemos guardar em uma mochila que fica em nosso coração. Esses ensinamentos serão como ferramentas para usarmos no dia-a-dia... quando precisar é só tirar a ferramenta da mochila, e pronto! Mãos à obra, com muita alegria e amor!

O que vocês guardaram na mochila do coração até agora?
Cada criança, em sua vez, usou nosso colorido bastão-que–fala para responder.

E continuamos...

“Haviam três tribos indígenas que moravam em lugares diferentes. Em uma determinada ocasião houve a necessidade de que elas passassem a viverem juntas. Como cada tribo falava uma língua diferente elas tiveram dificuldade em se entender. Uma tribo falava a língua do EPÔ; outra a língua do ETATA; e a terceira a língua do TUQUITUQUI”.

Dividimos o grupo de alunos em três tribos e cada tribo criou uma pintura corporal com urucum.

“ Como as tribos iam se entender? Cada uma falava uma língua diferente. Então tiveram uma idéia: para se comunicar as três tribos criaram juntas uma música e uma dança, assim:

EPO ETATA EPO
EPO ETATA E
EPO ETATA EPO
E TUQUITUQUI EPO
E TUQUITUQUI E”

Em círculo cantamos a música. Toda vez que falamos EPO batemos nas coxas; quando falamos ETATA cruzamos as mãos e batemos nos ombros; no TUQUITUQUI de mãos fechadas damos tapinhas na cabeça; e no E esticamos os braços e estalamos os dedos.

“Com a convivência novos modos de comunicação vão sendo criados

Nesse momento as crianças fizeram sugestões de novos movimentos. Por exemplo: na hora do EPO, ao invés de batermos nas coxas, todos juntavam as mãos na frente.

“Agora as tribos já se comunicavam, mas isso não significava que elas já tinham aprendido tudo a respeito da convivência com seus parentes das outras tribos. Os chefes das tribos começaram a observar que atrás de algumas árvores, escondidos, índios da tribo EPO se reuniam para falar que sua língua era muito mais bonita que do ETATA e do TUQUITUQUI; perceberam que índios da tribo ETATA começaram a cochichar que sua língua era muito mais bonita que a língua do EPO e do TUQUI-TUQUI, e a tribo do TUQUI-TUQUI andava dizendo por aí que sua língua era muito, muito mais bonita que a do EPO e a do ETATA. Os chefes não gostaram nada disso e resolveram procurar o pajé para pedir uma orientação

Entramos com as crianças na Casa da reflexão, imaginando que ali era a oca do pajé. Com muito respeito pedimos licença.

Apresentamos um teatro de sombras para elas, que contava a continuação da história:

“ Os chefes da tribo chegaram na OCA do pajé para pedirem uma orientação.

- Pajé, como o senhor sabe nossas tribos estão morando juntas e queremos saber se há um modo da gente conviver em harmonia.

O pajé ficou contente ao observar a vontade que os chefes das tribos tinham em melhorar o dia-a-dia deles e de seus irmãos, e disse:

- Há um modo si. Vai precisar de muita dedicação e trabalho. Você chefe da tribo EPO vai subir na montanha mais alta e buscar uma águia apenas com uma rede e trazê-la viva para mim. Você chefe da tribo ETATA vai buscar apenas com uma rede um gavião que mora lá aonde a cachoeira nasce e trazê-lo vivo para mim. E você chefe da tribo TUQUI-TUQUI vai buscar no oco da maior árvore da floresta e trazê-la viva para mim. Todos vocês devem trazer os pássaros daqui a três dias.

No dia combinado os chefes das tribos estavam na frente da oca do pajé com os pássaros.

- e agora, pajé? O que faremos?
- peguem esse cipó e amarrem os pés dos pássaros, depois deixem que voem.

Os pássaros com os pés amarrados não conseguiram voar, no máximo deram pequenos pulos. Irritados começaram a se bicar até se machucar.

O pajé soltou os pássaros e foi uma alegria no coração de todos os presentes ver os pássaros voando livres.então, o pajé disse:

- é preciso respeitar as diferenças entre vocês, para que possam voar um ao lado do outro, aprendendo um com o outro, sem estarem presos ao orgulho e a ignorância, para que não nos machuquemos. Para voar é necessário estar livre”.

Fizemos, então, em agradecimento, uma homenagem ao pajé. Cantamos:

Passarinho bonito, fez um ninho de barro
Deve ser o joão, joão de barro
Sabiá laranjeira tem o peito dourado
Voa canta canção para a irmandade
Queria ser passarinho
Pra poder olhar pra baixo
Ver tudo pequenininho
Casa, cavalo, riacho.

As crianças ainda quiseram cantar Meninos e, assim, a cantoria continuou.

Saímos da “oca do pajé”.

Pois é, as tribos viviam cada vez mais em harmonia, já se reconheciam como uma única tribo. Dentro de uma tribo, apesar de falarem a mesma língua, cada pessoa, tem um modo único de falar, um jeito único de ser. Como nós, por exemplo todos temos nariz, mas cada um tem um nariz diferente, não é?
Então, agora vamos imaginar que somos um instrumento musical, e cada um vai criar um som que somando aos sons dos outros, vai gerar uma grande orquestra”

Fizemos a brincadeira. Fizemos música.
É preciso afinar nossos instrumentos para que toquemos em harmonia conosco e com nossos irmãos.

E aí? De hoje o que vão guardar na mochila do coração?

As crianças falaram. Olha só algumas falas que surgiram:

Se eu guardo algo que gostei dessa aula e depois conto pra minha mãe ela também pode guardar na mochila dela, né?”

“Por exemplo: Ju você gosta da Bruna? Bruna você gosta da Ju? Ju você pode guardar a Bruna na mochila de seu coração?”

E a mochila é infinita, assim como nosso coração. Cuidemos dela.

Pra terminar: abraço coletivo!rs.

Quanta coisa, não?

Dia muito bom! Saímos todos felizes, sentindo que nossa mochila estava um tanto mais repleta de boas coisas! Viva!

Bruna
Juliana

2 comentários:

wild disse...

Prezado Pessoal Caminho Curumim,

gostaria de saber como consigo essa música que vocês postaram

Sabiá laranjeira tem o peito dourado...

Queria para uma apresenação infantil
Wildston

Anônimo disse...

Olá, Wild!

Alegria ter sua presença no blog do Caminho!

Essa música é uma catira, manifestação popular de música e sapateado presente no sudeste de nosso país.

aprendi com um grupo de professores do interior paulista, quando dei uma oficina de brinquedos e brincadeiras populares.

cheguei a procurar gravação, pesquisar na internet, e não a encontrei.

abs.
Juliana.